sexta-feira, 18 de julho de 2014

MP: FRED ACEITA PEDIDO DO FLUMINENSE E REDUZ 1/3 DO SALÁRIO

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Publicado em 18 de julho de 2014
fred-fluminense-cUm recomeço. Numa nova era do futebol, o que antes pareceria improvável, agora, se manifesta em longa escala. Sendo reflexo da civilização brasileira, o atacante Fred tomaria uma atitude comum a todos. O salário é apenas a ponta do iceberg. Entenda todo o contexto.

Entre o mundo que idealizamos e o mundo real, o sorriso de Monalisa de Fred
Abrem-se as portas das Laranjeiras. O torcedor, mesmo os que não têm condições de serem sócios, foram liberados para acompanharem mais um treino do Fluminense. A oportunidade de entrar na sede histórica é vista por muitos como um momento magnífico, pois ali se respira o ar que conta não só a história do Tricolor, mas de boa parte do futebol brasileiro. Os não associados não precisaram oferecer, por trás dos panos, uma merreca aos funcionários da entrada. Nenhum segurança se fez propositalmente de rogado. No curto caminho que dá acesso as arquibancadas sociais, um lanche com valor real de mercado, sem majoração, num antigo bar perto da principal loja que vende produtos oficiais do Tricolor. Parece que hoje é mais um dia de sorte!
Finalmente subindo as arquibancadas até uma altura onde o alambrado se dissolva do campo de visão, para ver o gramado in natura, sem planos interferindo na ótica final, um grupo de torcedores se juntou a outro grupo – estes sócios – e passaram a gritar o nome dos jogadores, um a um. O treino transcorria de forma leve e aumentava de nível gradualmente. O aquecimento, a roda de bobinho, a diminuição proposital da medida do campo, visando um trabalho de pensamento rápido e pressão na marcação, eram incentivados pelos fãs. Eles não estavam ali apenas para acompanharem seus ídolos, verem de mais perto, quem sabe até tocá-los. Queriam entender a parte técnica e tática.
Logo após o coletivo e o treino de finalização dos atletas, o técnico virou-se para as arquibancadas chamando o torcedor para perto do alambrado. Foi uma comoção, porém silenciosa. Em fila indiana, aguardando com ansiedade a chance de, ao menos, dizer “oi” e ser respondido, os tricolores desceram até a parte que delimita o gramado das grades. Dois seguranças observavam de braços cruzados, sorrindo com o olhar boquiaberto de algumas crianças, ao passo que apontavam para a barriga de um dos jogadores mais queridos do clube. A ação do treinador em trazer a torcida para perto do time, depois das atividades, foi rapidamente abraçada pelo restante da comissão técnica e por alguns dirigentes presentes no local. E olha que a equipe havia perdido na véspera, numa atuação abaixo da média.
Enquanto a torcida aguardava, sem algazarra pirotécnica, mesmo os menos desafortunados mostravam um semblante de dever cumprido. Alguns, no dia anterior, resolveram se desfazer de seus smartphones e outros pertences considerados mais valiosos para uma campanha de desapego provisório, no intuito de construir escolas públicas e capacitar professores, visando o futuro do país. Podia-se dizer que a maioria ali era constituída de comunistas. Pelo menos nas atitudes e no coração. Não fazia sentido ter o que comer, beber, se divertir se outros não possuíam. Era claro o sentido de coletividade. O jovem ao lado, comendo biscoito recheado sem oferecer nenhum e, muito menos, sem questionar as consequências daquela embalagem plástica para o meio ambiente, quando arremessada no lugar errado, era visto como “vida loka”.
Mais um dia perfeito na Cidade Maravilhosa
Os atletas, enfim, aparecem. Sorridentes, observavam de maneira discreta, de rabo de olho, sobre os ombros, quase que virando o pescoço, seus assessores e os viam assentindo com a cabeça a atitude. Teve gente que se atrasaria para o poker com companheiros(as) noturnos, mas ignorava o fato, porque queria curtir aquele momento. Eram autógrafos, fotos, histórias, pedidos de casamento, atletas mostrando a aliança e nenhum sinal de confusão ou reunião de braços dos seguranças limitando o contato. Um a um, todos super bem tratados, os aficionados foram convidados para irem ao vestiário e ouvir o discurso de despedida daquele dia, feito pelo treinador.
Nos jornais, as manchetes falavam acerca da importância da cultura e diminuição do número de analfabetos. As notícias esportivas de maior destaque eram justamente a derrota do Tricolor e a chance real de um técnico argentino capitanear a seleção brasileira. Numa nota de rodapé, quase esquecida, algo comum entre os futebolistas estampava o título: “Diante do cenário que contagiava a população brasileira, Fred aceitou o pedido do Fluminense e teve seu salário reduzido em um terço”. Para quê dar destaque ao que todos já faziam? A medida provisória (MP), que deixou de ser apenas uma ação perpetradas por presidentes, teve o seu registro sem nenhum alarde, apesar de muitos ainda confundirem o significado de MP. Antes, apenas uma ação deliberada do governo, agora, uma certeza de índole nacional. Plural, a sigla quase esbarra no ideal de mundo perfeito – e justo -, onde residem boa parte dos tricolores.
Fonte: NETFLU - Autor: Paulo Brito
DIVULGAÇÃO: Blog Dudé Vieira.

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