Me perdoem pela demora em me manisfestar, mas uma semana tomada de trabalho me impediu de parar e com calma escrever um post sobre esse imbróglio que envolve a perda de pontos da Portuguesa que pode ter como consequência a permanência do Fluminense na Série A. Porém, apesar do turbilhão de afazeres desses últimos dias, consegui estar atento aos desdobramentos do caso, o que, confesso, me fez mudar de posição várias vezes. É o ônus da reflexão, ainda mais nesse tema tão polêmico.
Num primeiro momento me senti ultrajado com a possibilidade de o nosso Flu voltar à elite do futebol brasileiro por uma manobra extra-campo. Seria, além de um atentado à mais primária ética, um prêmio à incompetência e aos desmandos que assolam o clube através da sua péssima atual administração. Mas ao ler e ouvir comentários de alguns colegas que prezo pela independência e lisura profissional – no caso o PVC e o José Trajano, ambos da ESPN – percebi com mais clareza a complexidade dos fatos.
Na verdade o que acontece por parte daqueles que condenam a permanência do Flu na Série A, caso o STJD assim decida, é uma hipocrisia sem limites. Qualquer clube que estivesse no lugar do Fluminense não hesitaria em ocupar o seu lugar na primeira divisão se assim fosse decidido pela força da lei. Esse papo de tapetão não cabe nesse episódio, até porque o Fluminense não tem nada a ver com a burrada da Portuguesa.
O maior problema é o histórico do nosso clube em relação a fatos semelhantes. Criou-se uma imagem que liga o Fluminense à viradas de mesa por ter sido beneficiado duas vezes no passado. Investigando as duas situações, entretanto, sabe-se que naquela época a iniciativa de mudanças nas regras do jogo não partiu do Fluminense. Na primeira vez, quem começou o tumulto foi o Corinthians e o Atlético (PR), suspeitos de negociar resultados através dos seus presidentes. Depois foi o senhor Botafogo que buscou na Justiça os pontos de uma partida em que perdeu de goleada para o São Paulo por causa da escalação de Sandro Hiroshi. Ao conquistá-los, o Gama foi rebaixado e foi buscar na justiça comum os seus direitos. Diante do impasse, foi criada a tal Copa Havelange disputada por todos os integrantes do Clube dos 13, inclusive o Flu que estava rebaixado, mas que não teve qualquer ingerência nessa confusão iniciada pelo Botafogo.
Portanto se alguém faltou com a ética no passado foram Corinthians, Atlético (PR) e Botafogo. Porém o dano maior foi do Fluminense em razão de ter sido o maior beneficiado e, sobretudo, pelo comportamento nefasto dos seus dirigentes. Aquele estouro de champanhe do presidente Álvaro Barcellos, comemorando a volta à Série A, é com certeza a maior mancha na nossa história, ainda mais pelo fato de que no ano seguinte caímos novamente e depois ainda chegamos à Série C. O fato é que nenhuma derrota, nenhum rebaixamento, nada se equipara em indecência e desfaçatez a aquela comemoração fatídica do nosso presidente diante das câmeras de televisão.
Foi uma verdadeira aberração, indigna de um tricolor, que trouxe um prejuízo incomensurável à imagem da instituição FFC. Com certeza se houvesse discrição, apesar da volta questionável à primeira divisão, o ônus seria muito menor. Assim se criou ao longo dos anos essa ideia de que o Fluminense está sempre por trás de maracutaias esportivas, o que não é verdade, pois, nas duas situações, quem esteve por trás mesmo foram Corinthians, Atlético (PR) e Botafogo.
Por tudo isso, minha tendência seria de que o Fluminense, mesmo sem culpa no cartório, para limpar definitivamente a sua imagem, recusasse qualquer benefício e disputasse a Série B, dando, como muitos disseram aqui nos seus comentários, um tapa com luva de pelica naqueles que nos atacam. Seria uma nova era para o clube que, no fundo, estaria pagando mesmo pelo desastre causado pelos seus dirigentes do passado.
Porém, na minha visão de torcedor, isso seria um risco imenso. Infelizmente temos, hoje, no comando do nosso clube dirigentes, como naquela época, totalmente despreparados, incapazes, a meu ver, de levar essa ideia adiante de forma que não houvesse qualquer possibilidade de o clube se chafurdar na Série B e de lá não sair mais.
Confesso que esse é o único motivo que me leva a imaginar a permanência do Flu na Série A, mesmo considerando-a legítima e legal. Se tivéssemos nas Laranjeiras gente competente, como já tivemos um Fábio Carneiro de Mendonça, um Francisco Laport, um Francisco Horta, um Manoel Schwartz certamente não teria qualquer receio da Série B. Voltaríamos firmes, fortes e sem o peso das atrocidades cometidas por dirigentes do passado e, inclusive, também pelos atuais que, em última instância, nos levaram outra vez a essa situação de rebaixamento.
Em resumo, se fosse o presidente do Fluminense, por mais que me doesse, rejeitaria o benefício da irregularidade da Portuguesa e disputaria a Série B. Mas me cercaria de grandes tricolores para o projeto de renascimento do Fluminense, do resgate da sua essência que um dia foi referência de grandeza no futebol brasileiro. Mas não é isso que acontece na realidade. Como vemos, os desmandos não cessam e os nossos dirigentes prosseguem sendo indicados por jogadores, como é o caso de novo responsável pelo futebol do Flu que teve o respaldo de Fred. Ou seja: a bagunça e a inversão de valores continuam em Álvaro Chaves.
Mas como não sou presidente, a minha visão é apenas de torcedor. E, como torcedor, não vejo qualquer resquício de competência nas Laranjeiras para que um projeto dessa magnitude e com esse risco (calculado) seja levado adiante. Dessa forma, mesmo contrariado e amargurado, diante dessa turba que hoje comanda o clube, me conformo em voltar à Série A, embora não seja uma ilegalidade, não pelos nossos próprios méritos. Que não haja, caso isso se confirme, pelo menos diante das câmeras, estouro de champanhe, pois, nos bastidores, não duvido que ele já tenha acontecido.
Fonte: Redação NETFLU - Autor: Roberto Sander
DIVULGAÇÃO: Blog. Dudé Vieira.
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