sexta-feira, 24 de agosto de 2012

FILHO DO FUTSAL, JEAN SE FIRMA NO FLU E VIBRA: 'NUNCA VIVI FASE COMO ESSA'

Invicto no Brasileirão, volante lembra início no salão, diz que não se vê fora do clube e mostra surpresa por ter sido liberado facilmente pelo São Paulo

Por Edgard Maciel de Sá Rio de Janeiro  

Jean sempre soube como levar seus times à frente e ser útil. Desde pequeno, para ser mais exato, quando jogava futsal no Mato Grosso do Sul e ganhou bolsa integral na 4ª série, podendo ajudar sua família a evitar uma despesa a mais. Baixinho, aprendeu a usar a velocidade e a habilidade para passar pelos adversários como faz agora com a camisa do Fluminense. Do alto de seu 1,70m, ele tem sido um gigante no meio-campo tricolor na campanha que até o momento coloca a equipe do técnico Abel Braga na vice-liderança do Campeonato Brasileiro, com 39 pontos em 18 rodadas. Curiosamente, a única derrota do clube das Laranjeiras na competição - contra o Grêmio no Olímpico - foi justamente a única partida em que o volante ficou fora por suspensão.
jean fluminense (Foto: Edgard Maciel de Sá / Globoesporte.com)Baixinho? Do alto de seu 1,70m, Jean tem sido um gigante no meio-campo tricolor neste Brasileirão: são 17 jogos, com 11 vitórias e 6 empates (Foto: Edgard Maciel de Sá / Globoesporte.com)
 
A fase realmente é boa. Destaque do Fluminense nas últimas rodadas do Brasileirão, com direito a assistência para Fred contra o São Paulo e gol salvador diante do Palmeiras, Jean arrisca a dizer que é até a melhor de sua carreira. O desafio agora é se manter no topo.
- Tive uma fase muito boa logo que subi para o time principal do São Paulo em 2008 como primeiro volante, uma evolução legal como lateral-direito em 2010, mas nunca vivi uma fase como essa no Fluminense. É um momento especial para mim e para a minha família. A maior dificuldade não é nem chegar a essa situação, e sim manter - resumiu em entrevista ao GLOBOESPORTE.COM.
Das quadras para o campo, Jean carregou muitos ensinamentos que o levam a se destacar com a camisa do Fluminense e virar o motorzinho do time. Aprendeu a dominar a bola, driblar, pensar rápido... Lembranças guardadas com carinho de um tempo em que o salário era evitar que os pais Moisés e Marilene pagassem a mensalidade do colégio. Uma experiência que, na opinião do volante, deveria ser obrigatória nas categorias de base.
- Sempre gosto de falar que quem quer ser jogador de futebol deve começar pelo salão. É um esporte que te dá uma base técnica muito grande. Os próprios clubes deveriam dar aulas de futsal do dente de leite ao infantil. Pelo menos duas vezes por semana. Ajuda no domínio de bola, no drible, no pensamento rápido... Grandes nomes do futebol nacional começaram assim.
Nessa entrevista exclusiva, Jean avisou que já se considera um jogador do Fluminense apesar de estar emprestado, frisou seu desejo de permanecer no clube, afirmou que era mais difícil ser valorizado no São Paulo por ter sido criado nas divisões de base e ainda se mostrou surpreso com a facilidade que teve para ser liberado pelo clube paulista em janeiro.
A maior dificuldade não é nem chegar a essa situação (boa fase), e sim manter. Está tão legal, tão diferente, que espero manter a boa fase por muito tempo. Essa é a minha grande meta. Na rua os tricolores sempre me param para falar que eu estou jogando muito bem e me dão parabéns. Não posso deixar cair agora"
Jean
 
Você lembra qual foi a última vez que saiu de campo derrotado? Porque no Brasileirão você ainda está invicto...

Acho que foi contra o Boca Juniors pela Libertadores. Fico feliz de ainda estar invicto em um campeonato tão difícil como o Brasileiro, mas é até complicado falar dessa situação (risos). Uma hora ia acontecer comigo no time ou não. E não foi para qualquer equipe, foi para o Grêmio, no Olímpico. É até normal. Queria muito ter participado desse jogo. Fora de campo você não tem condição nenhuma de ajudar. Fiquei mais chateado pela suspensão do que pela derrota.

Já dá para afirmar que essa é a melhor fase da sua carreira?

Acredito que sim. Tive uma fase muito boa logo que subi para o time principal do São Paulo em 2008 como primeiro volante, uma evolução legal como lateral-direito em 2010, mas nunca vivi uma fase como essa no Fluminense. É um momento especial para mim e para a minha família. A maior dificuldade não é nem chegar a essa situação, e sim manter. Está tão legal, tão diferente, que espero manter a boa fase por muito tempo. Essa é a minha grande meta. Na rua os tricolores sempre me param para falar que eu estou jogando muito bem e me dão parabéns pelo momento. Não posso deixar cair agora.

Quando você foi contratado em janeiro, o técnico Abel Braga chegou a dizer que não entendi por que o São Paulo tinha te liberado. Foi mais fácil do que você esperava?

Sinceramente? Eu não pensei que fosse ser tão fácil conseguir a liberação no São Paulo. Mas graças a Deus deu tudo certo. Pelo jeito que a situação estava se encaminhando eu comecei a pensar em sair. Não vinha jogando, não sentia que ia receber chances entre os titulares e todo jogador de futebol só fica satisfeito em campo. Não tem como ser diferente. Sem falar que eu já estava há um bom tempo no São Paulo. Por isso pensei que seria bom mudar de ares.

É mais difícil se firmar em um clube sendo uma revelação das categorias de base como o seu caso no São Paulo?

Quando você chega de outro clube você é muito mais valorizado do que sendo da base. A não ser que você suba e consiga um destaque a nível internacional. Aí não tem nem como segurar. Mas normalmente os atletas de fora são mais valorizados. Essa é a minha maneira de ver e já presenciei muitos casos assim.

E o reencontro recente com o ex-clube? Antes da partida você disse que seria uma sensação diferente...

Foi um reencontro até tranquilo, de forma natural. Antes da partida contra o São Paulo eu até criei uma certa expectativa, mas durante o jogo foi normal. Era mais uma partida que valiam três pontos preciosos e conseguimos uma vitória importantíssima.

Você tem contrato de empréstimo até julho de 2013 e preço do passe fixado (O Fluminense detém 35% dos direitos econômicos e tem a opção de comprar os 50% que pertencem ao São Paulo. O restante - 15% - é do próprio jogador). Ainda falta tempo, mas você já pensa nessa situação?

Já penso nisso sim e hoje posso dizer que sou jogador do Fluminense. Não acredito que vá haver qualquer problema nessa situação. Só um milagre de Deus mesmo para que eu não continue. Estou tranquilo. Já me sinto jogador do Fluminense independentemente do contrato ser de empréstimo. Mas o quanto antes isso for resolvido será melhor para os dois lados. Até agora não houve nada. Sei que no momento certo tudo vai acontecer.

Mesmo sendo volante, as chances estavam aparecendo e você ainda não tinha marcado. O gol que garantiu a vitória contra o Palmeiras tirou um peso?

Com certeza. Por mais que minha primeira função seja marcar, depois acertar passes, criar jogadas e só por último fazer o gol. Quando as chances começam a aparecer e você não faz fica mais complicado. Sempre busquei esse gol e ele saiu quando o Fluminense mais precisava. Ainda bem.

Você nasceu no Mato Grosso do Sul, morou em São Paulo e agora está no Rio. Já deu para conhecer a cidade e se sentir um pouco carioca?

Já me sinto bem à vontade na cidade. São oito meses no Rio. Aos poucos fui me adaptando e conhecendo os pontos turísticos. Dos mais famosos acho que só falta o Cristo. Já viajei para Búzios e Angra também. Sou um cara tranquilo, caseiro. Saio mais para jantar mesmo. No tempo livre eu prefiro aproveitar a família, já que são poucos os momentos de folga.

O seu início foi no futsal. Qual a importância dessa experiência na sua carreira?

Para mim o futsal teve uma importância muito grande. Sempre gosto de falar que quem quer ser jogador de futebol deve começar pelo salão. É um esporte que te dá uma base técnica muito grande. Os próprios clubes deveriam dar aulas de futsal do dente de leite ao infantil. Pelo menos duas vezes por semana. Ajuda no domínio de bola, no drible, no pensamento rápido... Grandes nomes do futebol nacional começaram assim. Se eu conseguir fazer tudo com rapidez, automaticamente coloco velocidade na jogada e levo o meu time a frente.

A infância no Mato Grosso foi tranquila? Passou dificuldades?

Difícil como qualquer outra. Meus pais nunca deixaram faltar nada, não passe fome, mas também não tinha muitas opções. Eu era muito feliz e jogava bola no asfalto com meus amigos. Não trabalhava, mas ajudava a família desde cedo jogando futsal. Comecei a ganhar bolsa integral no colégio na 4ª série e meus pais não precisaram mais pagar a mensalidade.

Voltando ao Brasileiro, esse desempenho fora do normal do Atlético-MG, com 13 vitórias em 16 jogos, lhe preocupa?

Vai ser difícil e disputado até o fim, ponto a ponto. Os clássicos é que vão ser decisivos na minha opinião. E temos mais clássicos que o Atlético-MG. É preciso se manter bem até o fim. Quem conseguir isso e superar o cansaço da sequência de jogos será o campeão.
Jean e Família Fluminense (Foto: Rafael Cavalieri / Globoesporte.com)Jean com a mullher Mariana e o filho Jean Gabriel: feliz no Rio (Foto: Rafael Cavalieri / Globoesporte.com)
 
FONTE: GLBOESPORTE.COM
DIVULGAÇÃO : Blog. Dudé Vieira.


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