sexta-feira, 4 de abril de 2014

CRISTÓVÃO BORGES CHEGA SEM AVAL DO PATROCINADOR E TEM DUROS DESAFIOS

Técnico bancado por Peter Siemsen chega ao clube sem aval de Celso Barros, em clima de crise, pouco dinheiro em caixa e sob risco de eliminação em sua estreia


Por Rio de Janeiro

Cristóvão Borges apresentou-se ao Fluminense nesta quinta-feira para comandar o time até o fim do ano, mas ciente de que terá de começar a apresentar os primeiros resultados em um curto espaço de tempo. Ele chega ao Tricolor para iniciar um trabalho cujo foco principal é impedir a queda do time na primeira fase da Copa do Brasil. Além disso, tem que ajustar o plantel para o Campeonato Brasileiro. A diretoria exigirá do substituto de Renato Gaúcho não menos do que campanhas dignas nas duas competições mais importantes do país, para abafar o desempenho de rebaixamento de 2013 no nacional. A reboque do desafio principal, o novo comandante tem metas paralelas, que envolvem um vestiário com necessidade de renovação, o crescimento de atletas saídos das categorias de base, a motivação de alguns medalhões, principalmente Fred, e definir um padrão de jogo.
Cristovão Borges com elenco no treino do Fluminense (Foto: Nelson Perez / Site Oficial do Fluminense)Cristóvão com o grupo do Flu em seu primeiro treino: trabalho duro pela frente (Foto: Nelson Perez / Site Oficial do Flu)

Cristóvão assume o leme tricolor com o time em situação complicada na Copa do Brasil. Na próxima quinta-feira, dia 10, o Fluminense recebe o Horizonte-CE, no Maracanã, com a obrigação de vencer por dois ou mais gols de diferença para evitar o vexame que seria a eliminação na primeira fase. Se devolver o 3 a 1 que levou no Ceará, leva a decisão para os pênaltis. 
Ao mesmo tempo, precisa preparar o time para a estreia no Campeonato Brasileiro, dia 19 de abril, contra o Figueirense. E não só no campo. Cristóvão vai começar as conversas com a diretoria sobre reforços. Ele já sabe que terá dificuldades para ganhar nomes de peso. Como o presidente da patrocinadora, Celso Barros, e o presidente do clube, Peter Siemsen, estão em crise, é muito provável que o clube invista em apostas e nomes modestos, já que Celso avisou que não vai injetar mais dinheiro em contratações. O departamento de futebol fracassou durante a janela de transferências internacionais e não tem verba para contratações de impacto.
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O treinador foi apresentado nas Laranjeiras. No primeiro treino, ouviu um pequeno grupo de torcedores cobrar empenho do atacante Fred, vaiar o lateral-direito Bruno e pedir raça a todos da equipe. Também teve o nome gritado, numa demonstração de apoio. A esperança é ficar no clube mais tempo do que seu antecessor. Renato foi demitido três meses no cargo. Era um nome respaldado pelo patrocinador e recebia a maior parte do salário da Unimed. Cristóvão é pago exclusivamente pelo clube e foi bancado por Peter Siemsen numa clara tentativa de demonstrar autoridade. 
- Estarei junto com todo mundo. O desejo de todos é o mesmo. Talvez por vias diferentes, mas o desejo é o mesmo. Não tenho problema nenhum. Vamos nos juntar e correr atrás dos mesmos objetivos. Juntos somos mais fortes – disse, ao ser questionado sobre a queda de braço que envolve o clube.  
Para satisfazer os dois poderes, Cristóvão terá que cumprir objetivos a curto, médio e longo prazo. Dez deles são listados abaixo pelo GloboEsporte.com.
1) Classificar o time na Copa do Brasil – em sua apresentação, o treinador não quis usar a palavra obrigação para dizer que o Fluminense tem que avançar na Copa do Brasil. Preferiu o classificar como compromisso com a vitória, já que o clube entrou na competição para brigar pelo título. Uma vitória com classificação contra o Horizonte, dia 10, dará força ao início de trabalho do treinador. 
Estarei junto com todo mundo. O desejo de todos é o mesmo. Talvez por vias diferentes, mas o desejo é o mesmo. Não tenho problema nenhum. Vamos nos juntar e correr atrás dos mesmos objetivos. Juntos somos mais fortes 
Cristóvão Borges, sobre Flu x Unimed
2) Conquistar o respaldo do patrocinador – Cristóvão chega ao clube sem a bênção de Celso Barros, ao contrário do que ocorreu com Renato Gaúcho e Vanderlei Luxemburgo recentemente. O presidente da Unimed não queria a demissão de Renato e não vai bancar o salário do novo comandante. Cristóvão fugiu de qualquer polêmica, pediu união de clube e parceiro e está disposto a se aproximar de Celso. 
3) Pouco dinheiro para reforços – a disputa em Peter e Celso Barros respinga no futebol. O parceiro já avisou que não injetará mais dinheiro para a chegada de nomes de peso. Com recursos próprios, a tendência é que o clube faça contratações pontuais e modestas. 
4) Formação do elenco para o Brasileiro – o novo técnico elogiou muito o grupo tricolor. Disse que tem força e potencial para jogar melhor do que tem apresentado. Além da Copa do Brasil, Cristóvão tem de preparar o grupo para o Brasileirão. Ele diz que buscará equilíbrio para trabalhar o que tem com as peças que ganhará.   
fred treino Fluminense (Foto: Nelson Perez/Fluminense F.C.)Cristóvão diz que conta muito com Fred na sua chegada (Foto: Nelson Perez/Fluminense F.C.)
5) Manter Fred motivado no clube – o camisa 9 começava a ganhar ritmo de jogo e a reencontrar os gols quando Renato Gaúcho foi demitido. A inconstância do atacante, aliás, foi problema para o ex-técnico. Cristóvão inicia o trabalho com o capitão pouco mais de um mês antes da lista final de Felipão para a Copa do Mundo do Brasil. Até lá, terá que manter Fred com fôlego para ajudar o Tricolor. 
6) Diminuir a carga sobre Conca – no esquema de Renato, toda a responsabilidade de criação do time ficou com o argentino. Conca começou o Carioca muito bem, fez quatro gols, conduziu o time, mas caiu de rendimento pelo desgaste físico e em jogos em que foi muito bem marcado, como na semifinal contra o Vasco. Sobrecarregado, sentiu falta de ter um parceiro. Cristóvão costuma armar suas equipes com dos meias, e Darío pode ganhar, por exemplo, o apoio de Wagner. 
7) Corrigir os problemas defensivos - em 18 partidas sob o comando de Renato Gaúcho, o Fluminense fez 33 gols e sofreu 21. A defesa foi a maior dor de cabeça do treinador, que não conseguiu corrigir os problemas. Gum e Elivelton eram seus titulares na zaga. Valencia, como falso terceiro zagueiro, dava proteção aos dois. À frente, Diguinho e Jean formavam o trio de volantes. Na laterais, Bruno e Carlinhos. O sistema defensivo oscilou muito no Carioca e continua sendo duramente criticado. 
Cristovão Borges e Walter no treino do Fluminense (Foto: Nelson Perez / Site Oficial do Fluminense)Cristovão Borges e Walter no primeiro contato (Foto: Nelson Perez / Site Oficial do Fluminense)
8) Não deixar que Walter perca o foco – o atacante foi o maior acerto de Renato no clube. Depois de chegar com 106 quilos, assumiu o compromisso com o treinador e perdeu 14. Com menos peso e gols em dia, o camisa 18 virou titular e xodó da torcida. Cristóvão tem a missão de manter o jogador empenhado e fininho. 
9) Fazer garotos da base evoluírem – a solução para a falta de dinheiro do Fluminense para a contratação de reforços pode estar nos frutos da base. Pelo menos metade do grupo principal é formada por jogadores criados no clube. Alguns, no entanto, já ganharam oportunidades e não desabrocharam. Caberá a Cristóvão uma nova tentativa. Nomes como os atacantes Marcos Júnior, Biro Biro e Kenedy podem ser boas alternativas.  
10) Ter empatia com a torcida - Cristóvão chega ao Fluminense com bom respaldo da torcida, mas sem grande margem para erros. Afinal, boa parte dos tricolores começou a pedir a saída de Renato Gaúcho logo depois a eliminação no Carioca. É por isso que o jogo contra o Horizonte e as primeiras rodadas do Brasileiro são tão importantes. Se engatar uma sequência de vitórias antes da pausa para a Copa do Mundo, dará um grande passo para ter a parceria das arquibancadas.
Cristovão Borges no treino do Fluminense (Foto: Nelson Perez / Site Oficial do Fluminense)Novo técnico tricolor sorri em seu primeiro treino, observado por Carlinhos e Conca (Foto: Nelson Perez / Site Oficial do Fluminense)FONTE: GLOBOESPORTE.COMDIVULGAÇÃO: Blog Dudé Vieira.

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